domingo, 13 de novembro de 2011

Comentários sobre os Textos de Maria de Lourdes Parreiras Horta e Magaly Cabral

Educação Patrimonial, Educação para Patrimônio, Educação com o Patrimônio.
Tecendo comentários sobre os textos “Educação Patrimonial” e “Educação Patrimonial II”, ambos de Maria de Lourdes Parreira Horta Barreto, tal qual o cronograma proposta na disciplina da Educação Patrimonial ministrado pela professora Zita Possamai, pretendo um diálogo sobre as questões relacionadas à educação em museus. Um demonstra a preocupação da autora em relação ao ensino em referência ao passado, dentro do espaço museal, buscando interesse da criança, em seu processo de construção do conhecimento. No segundo texto trata dos “como?” A educação centrada no objeto e dos princípios fundamentais da Psicologia do Aprendizado e da Percepção.
E o que vem a ser educação patrimonial? “Poderíamos defini-la em termos objetivos, como o ensino centrado no objeto cultural, na evidência material da cultura. Ou, ainda, como o processo educacional que considera o objeto como fonte primária de ensino.” (HORTA).
Mais adiante e no mesmo texto está escrito: “Os monumentos e objetos do patrimônio cultural possibilitam às crianças, do mesmo modo que aos adultos, uma experiência concreta, não-verbal (e por isso acessível a todos), que lhes permite evocar e explicar o passado de que são herdeiros.”
 
Diante dos trechos acima transcritos e de outros que estão ao longo do texto, compreendo sobre a questão no uso do objeto exposto no museu, para fins da ação educativa, em âmbito, “formal ou informal” – ainda tenho dúvidas quanto a este particular. E neste sentido lembro-me, só para exemplificar, do quadro da primeira missa no Brasil de Victor Meirelles, exposto no MARGS em 2008. De quanto algumas pessoas, as que receberam uma educação baseada somente na imagem impressa num livro e na transferência de informações, desejavam ver de perto o quadro e da emoção dessas pessoas ao ficar diante da obra. Alguns verbalizavam toda a “cartilha”, apreendida num tempo não muito distante. Diferente de alguns jovens que questionavam tudo o que estavam vendo e demonstravam maior interesse no quadro de Glauco Rodrigues, que leva o mesmo título, porém de 1980. Ou nas demonstrações das práticas de restauro coordenados por Andrea Pereira.
Citei o episódio da exposição da obra de Victor Meirelles, em virtude de entender que o objeto necessita estabelecer relações do passado, com o futuro, a partir do presente daquele que o está percebendo.
E por sinal a respeito da Percepção, como escreve a autora, existe uma necessidade de perceber: de ouvir, de ver claramente, ouvir distintamente, investigar o que se vê, sendo estas necessidades inatas a todos nós dentro do processo de aprendizagem. E que a partir deste evento, mudamos de uma situação inicial para novas percepções.
 
Sendo que no processo de aprendizagem são importantes: a percepção, a motivação, (esta em relação a organização da realidade e da adaptação à vida em sociedade), da capacidade de retenção, neste sentido em relação a capacidade de memorizar, a partir da experiências concretas. E por último a “emoção”, no sentido de que quanto maior for o envolvimento da criança em ordem afetiva, maior será o grau de seu aprendizado.
Somando-se aos princípios fundamentais da aprendizagem, demonstra a preocupação com uma metodologia pedagógica e que a mesma acompanhe os níveis de desenvolvimento do pensamento, fazendo referência a teoria de Piaget.
Quando penso em ação educativa, neste sentido sempre acho que ela é possível tanto em sala de aula, quanto no espaço do museu. E que uma ação educativa eficaz deve partir das experiências do educando e/ou visitante. Iniciado pelo diálogo e pela proposta de reflexão e de questionamentos, até que se possibilite a percepção do objeto e de tudo aquilo, ou parte do que o mesmo poderá oferecer.
E quando preciso analisar o termo ou expressão (seria o mais correto dizer), Ação Patrimonial, parece-me uma transferência de informação, assim constatado no rodapé da página 20, do texto de Magaly Cabral, Museu e Educação: Conceitos e Métodos, a respeito da educação bancária
Denominação dada àquela prática onde “educar é o ato de depositar, de transferir, de transferir valores e conhecimentos dos que sabem aos que não sabem... onde a única margem de ação que se oferece aos educandos é a de depósitos, guardá-los e arquivá-los.” (FREIRE, 1987:58).
No texto citado acima, a autora demonstra predileção pelo uso da expressão “educação com o patrimônio”, no sentido de abolir os métodos educativos e dar atenção a ação educativa com o patrimônio. Sendo utilizada por Denise Grinspum, em sua tese de doutorado, a definição sobre educação para o patrimônio, pelo mesmo motivo: “Constitui-se em formas de mediação que propiciam aos diversos públicos a possibilidade de interpretar bens culturais, atribuindo-lhes os mais diversos sentidos, estimulando-se a exercer a cidadania e a responsabilidade social de compartilhar, preservar e valorizar patrimônios material e imaterial com excelência e igualdade.(2000).” (CABRAL, p. 26)
Mas, dentro ainda das concepções de Magaly Cabral está na questão – O que fazemos no Museu? – casualmente os alunos, meus amigos e amigas, e as minhas filhas em muitos momentos fazem-me esta pergunta: tu estas sempre em museus, mas o que fazes lá? E a noção da autora, para mim, parece pertinente, sobre a relação do HOMEM com o OBJETO, ou seja, entre aquele que conhece e a parte ou fragmento da realidade, da qual pertencemos e temos o poder de agir.
 
Da mesma forma, reconheço e acho importante o investimento na educação, e por meio desta é possível realizarmos uma inclusão social, que seja participativa e não assistencialista. Além da necessidade de políticas públicas e de investimento social para que se estabeleça a construção do conhecimento de uma sociedade com indivíduos conscientes de seu papel na sociedade.
Para concluir penso que a educação para o patrimônio deveria estar expressa e concretamente inserida no ensino formal e informal, nos planos de ensino e na ação educativa, em qualquer faixa etária, pois acredito na possibilidade de que cada grupo é uma microcultura que guarda em si a possibilidade de construção do conhecimento dentro de um ambiente de diálogo e troca de experiências. E que estabelece relações entre passado, presente e futuro na construção e compreensão da sua história e na escolha de seus significados, a partir de suas experiências de vida.

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